quinta-feira, 7 de junho de 2012

12 Dicas para ter uma vida mais Saudável



Muito se fala nos benefícios em ser saudável, mas será que sabe o que fazer para o ser? Aqui ficam 12 dicas de práticas saudáveis que têm sido publicadas em revistas científicas de grande respeito. Não custa tentar seguir e comprovar se sente melhoras no seu próprio bem estar mental e emocional.

Nº 1: Tomar pequeno-almoço Esteja cheio(a) de pressa ou não, faça a primeira refeição do dia. Quem toma o pequeno-almoço tem boa saúde. Há pesquisas que mostram que as pessoas que o tomam, tendem a consumir mais vitaminas e minerais, e menos gordura e colesterol.

Nº 2: Coma peixe Deve-se comer uma porção de peixe duas vezes por semana. Além de ser uma boa fonte de proteínas, é um alimento relativamente baixo em gordura saturada. O peixe possui ômega-3, que é um tipo de gordura benéfica para o organísmo pois reduz o risco de doenças cardíacas. A sardinha, o atum e o salmão, são os peixes mais recomendados por terem maior fonte de ômega-3.

Nº 3: Durma o suficiente Há muita gente que ainda acha que dormir é uma perda de tempo. Nada mais errado! O corpo precisa de tempo para descansar. Caso contrário, vai sentir-se irritado por tudo e por nada, bem como vai sentir-se cansaço(a) o dia todo. O sono é realmente vital para uma boa saúde mental e emocional. As pessoas que não conseguem dormir o suficiente, tornam-se mais vulneráveis a desenvolver problemas psicológicos/psiquiátricos, e a utilizar mais os serviços de saúde. Além disso, a privação do sono pode afectar negativamente a memória, a aprendizagem e o raciocínio lógico. Durma pelo menos de 7 (a 10) horas de sono por noite.

Nº 4: Vida Social Tenha actividades sociais. Seja a fazer voluntariado, a tirar um tempo para ir ao café conversar com os(as) amigos(as) ou frequentar um ginásio ou clube. Faça o que fizer, faça-o com outras pessoas. Actividades de lazer, onde há espaço para conviver e sorrir, são boas para a saúde física e mental.

N º 5: Exercício Sabemos que a actividade física tem uma série de benefícios, ajudam a controlar/perder peso, mantém a saúde dos ossos, músculos e articulações, reduz o risco de desenvolver de pressão alta e diabetes e promove o bem-estar físico e psicológico.

Nº 6: Ter boa higiene oral Usar o fio dentário todos os dias pode acrescentar 6 anos à sua vida! De acordo com o médico americano Michael Roizen, autor do livro "RealAge", o uso de fio dentário e a escovagem regular dos dentes para além de prevenir doenças, também ajuda a manter os dentes saudáveis e bonitos.

Nº 7: Tenha um hobby Os hobbies, ou passatempos, são normalmente atividades relaxantes, por isso agradáveis. Algumas pessoas descobriram-se ao fazer artesanato, a observar pássaros, a fazer caminhadas, ou ao jogar cartas. A alegria que as pessoas alcançam a fazerem os passatempos de que gostam pode ajudaá-las a viverem mais saudáveis e a recuperarem melhor de doenças. Participar em passatempos pode também queimar calorias! Sempre é melhor do que estar apenas sentado(a) a ver TV ou a teclar na Internet...

Nº 8: Proteja a pele O processo de envelhecimento começa assim que nascemos e, segundo a Academia Americana de Dermatologia (AAD), a melhor maneira de proteger a pele para não aparentear mais idade do que aquela que já se tem é não apanhar sol. Os raios ultravioleta (UV) podem causar rugas, pele seca e com manchas de idade. A grande exposição solar pode ainda causar queimaduras solares, mudanças na textura da pele, vasos sanguíneos dilatados, e claro, cancro de pele. Por isso, proteja-se com uma loção de protecção solar com um índice de protecção adequado ao seu tipo de pele.

Nº 9: Snack saudável Comer entre refeições pode ser benéfico ou não, tudo depende do que se come. Tente comer cinco ou mais porções de frutas e legumes por dia, esses alimentos são bons para uma dieta saudável.

Nº 10: Beba água Já toda a gente ouviu dizer que o nosso corpo é composto de água, logo precisa de água para manter-se adequadamente hidratado. Se você não consumir água suficiente, o corpo entra em modo de emergência e é retirada água de outros orgãos para poder sobreviver. Um dos primeiros orgãos a ser afectado é a pele, e o efeito é visível, pele seca!

Nº 11: Beba chá O chá descafeinado é o melhor para a saúde. A cafeína pode desidratar e as bebidas açucaradas levam ao ganho de uns quilinhos a mais. O chá tem a vantagem de melhorar a memória, prevenir cáries, cancro e doenças cardíacas.

Nº 12: Faça uma caminhada por dia Por cada 20 passos, perde-se uma caloria. Pessoas que andam 30 minutos por dia tem uma probabilidade significativamente menor de morte prematura, em comparação com aqueles que raramente andam ou fazem exercício físico.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Herança da Família

Uma "ferramenta" que utilizo sempre que alguém recorre aos meus serviços de Psicologia é o Genograma. O Genograma é mais ou menos como uma árvore genealógica, que dá muita informação não só a mim (enquanto psicóloga clínica) como aos meus pacientes/ clientes, sobre si e sobre a sua história.
Esta construção a dois (ou mais, dependendo se é uma Terapia Individual, Familiar ou de Casal) em consultório clínico, constitui também uma intervenção terapêutica na medida em que faz tomar consciência da importância que a família tem no nosso ser, nas nossas decisões, na nossa forma de viver e que irá influenciar os nossos descendentes: filhos, netos, bisnetos... Muitas vezes o que se vai passando de geração em geração, é de forma inconsciente, ou seja, nem notamos que o fazemos, no entanto muitas das nossas escolhas ou decisões, aparentemente realizadas com orgulho e em nome da nossa liberdade, estão condicionadas por um vínculo secreto com os nossos antepassados e, por assuntos inacabados do passado. É verdade que todos nós nascemos com um projecto de vida pessoal, no entanto este projecto está relacionado com a nossa herança. O trabalho sobre o Genograma permite consciencializar-nos sobre os legados mal resolvidos que os nossos antepassados nos passaram. Em todas as famílias, há maldições e bênçãos, experiências que são destruturantes e estruturantes. Há energias que empurram para o desenvolvimento psico-espiritual ou energias que o detêm, porque as bloqueiam. Geralmente as heranças estruturantes são decisões, realizações ou experiências que tiveram os nossos antepassados e que nos transmitem através de uma energia, que é como que uma dádiva do passado e que tem um efeito muito mais positivo se as podermos recordar e celebrar. Trazem-nos força e clareza e quase sempre são realizações de âmbito pessoal e espiritual.
Enquanto que as influências destruturantes são acções negativas dos nossos antepassados, assuntos inacabados, situações emocionais não resolvidas, frustrações amorosas, mortes imprevistas, danos a outras pessoas ou a negação de crescer psico-espiritualmente. Todas estas situações bloqueiam a transmissão da energia e se são inconscientes, convertem-se numa bomba prestes a explodir que pode travar o caminho pessoal. Estas influências são mais poderosos se forem secretas. Quando se libertam, ou seja, quando é possível dar-lhes um nome e realizar actos reparadores, libertam intensas energias que podem ser canalizadas criativamente.
É importante ter presente que todos nós somos mais do que um ser isolado. O espirito dos nossos antepassados faz parte do nosso espirito. As experiências dos nossos antepassados pertencem-nos. As emoções, os sentimentos, as realizações, as perdas, atravessam o tempo, evoluem ou estancam experiências. Por vezes, quanto mais longe estão do tempo, mais gravadas estão no nosso ser. É como se fossemos uma manta de retalhos, composta por pedaços de histórias humanas, pedaços de guerras, de migrações, de realizações, que vão atravessando muitas gerações.
O que os nossos avós fizeram com as suas vidas e o legado dos seus antepassados, expressam-se na geração seguinte, formaram parte do caracter e da vida dos nossos pais. Especialmente em como se amaram, em como amaram os seus pais, em como amaram os seus irmãos, e em como viveram a sua sexualidade. Tudo influi em como nós fomos concebidos: com culpa, com amor ou com desejo. Daí que tudo influencia na nossa percepção da vida, na nossa capacidade de amar. Assim, o Genograma pode ser o ponto de partida da história pessoal do nosso paciente (ou família), mas também o ponto de chegada para os valores, as atitudes que só ele(s) sabe(m) serem importantes para passar. No fundo, o que fazemos com o conhecimento que adquirimos, só depende de nós próprios.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Faz bem falar

Raquel há quase 2 anos sofreu um grande desgosto, o seu marido teve um trágico acidente de automóvel e acabou por falecer. Viu-se na condição de viúva com apenas 32 anos e 2 filhas pré-adolesntes, de 11 e de 10 anos de idade. Pediram-me para dar atenção a este caso um mês depois do acidente, porque as meninas começaram a tirar muitas negativas de repente. Na altura houve pessoas que diziam que se devia dar um tempo, que a situação escolar devido ao sucedido era normal, mas eu resolvi "pegar no caso" e proporcionar ajuda terapêutica para minimizar o sofrimento delas. Como sempre faço, quiz primeiro conhecer a mãe e depois ver a relação das filhas com a mãe.

Nas primeiras sessões com a Raquel, ela vinha vestida de preto e tinha sempre um olhar muito triste. Era como se estivesse alheada da realidade. Notava que se virava para dentro e consumia-se... Ao perceber a sua dor, expliquei-lhe as diferentes fases do luto e o que era expectável acontecer durante todo o processo até o luto ficar bem resolvido. Era a primeira vez que a Raquel passava por uma situação de luto! Era-lhe difícil falar sobre o que sentia, primeiro porque lhe trazia muita dor, depois porque não estava habituada a falar sobre sentimentos, não foi educada a fazê-lo. As filhas, como seria esperado, também tinham o mesmo problema. Raquel como não sabia como lidar com a sua dor e a das suas filhas, refugiava-se no seu trabalho e chegava a casa já as filhas estavam a dormir. Um fosso estava a abrir-se na família e era necessário agir rapidamente! Resolvi aplicar em sessão técnicas de Arteterapia. Tinha tirado um curso há pouco tempo e a teoria e a práctica estavam muito presentes. A arteterapia para além de ser lúdica, ajuda a desenvolver o processo criativo e a desbloquear sentimentos e emoções, favorecendo a saúde mental.

Durante meses experimentamos muitas técnicas. Elas tinham um espaço onde todas as semanas podiam interagir de forma positiva. A mãe tinha recuperado novamente o papel de "mãe" (por momentos delegados à sua mãe, avó das meninas)e as meninas, tinham "mais mãe". A relação foi fortalecida e as filhas começaram a ter "Suficientes" na escola. Conseguiram passar de ano. No entanto, por altura das férias de verão, havia ainda aspectos a trabalhar individualmente com a mãe. Propus à Raquel fazermos um "Recorte" (nome que damos em Terapia Familiar, quando achamos por bem fazer terapia a apenas um indivíduo). A Raquel aceitou e durante uns seis meses o foco recaíu em si, no seu eu mais profundo. Foi um processo enriquecedor. A Raquel aos poucos ia-se conhecendo melhor, a culpa e a raiva ia-se dissipando e a auto-estima e a auto-confiança ia aumentando. O auto-conhecimento fez com que se confrontasse mais com as suas qualidades e defesas. Alterou perspectivas e comportamentos. Deixou de trabalhar até tarde e já privilegiava o tempo com as filhas e os encontros sociais. Já se expressava melhor. Notava-se no seu olhar (agora já favorecido com toques de maquilhagem) e até nas suas roupas, que estava "mais leve". Passou a investir mais em si e nos(as) amigas. Foi assim que conheceu Carlos.
Carlos já gostava da Raquel há algum tempo, mas ela nunca tinha percebido, até há dois meses, altura em que aceitou ir jantar com ele e este se declarou. A Raquel voltou a dar oportunidade ao amor. Começou a sair com ele e agora namora com ele. Está novamente apaixonada. As filhas já o conhecem e estão felizes por ver a mãe feliz. E em termos escolares, as meninas não podiam estar melhor. Começaram a tirar "Bons"! Raquel percebe que o apoio psicológico foi essencial para superar o luto e voltar a ser feliz, e hoje afirma mais convictamente: "Faz bem falar!".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Não deito nada fora!

Fernanda não deita nada fora. Fernanda hoje com 47 anos vive sozinha com 2 gatos e uma cadela. Está separada há 11 anos do pai da sua filha e vive numa casa atafulhada de "coisas". Quando se entra em casa dela, quase nem se tem espaço para colocar os pés. A relação com a filha está em risco de ruptura. A filha de 18 anos, não compreende a sua necessidade de comprar tanta coisa. Algumas delas em duplicado, outras ainda têm as etiquetas e estão metidas nos sacos! Sente raiva por a mãe ser assim tão "desleixada". Já lhe disse que caso ela não limpe e arrume a casa, não a vem visitar nas férias. Há 6 meses que Fernanda não vê a filha. E esta se for a casa, não tem onde dormir, porque a sua mãe utilizou o seu quarto (e cama) para colocar mais "coisas". A filha já lhe disse que precisa de colocar ordem na casa, e deitar coisas fora. Mas a mãe não se consegue despegar das suas coisas. Para ela existe uma história em cada papel, roupa, sapato, garrafa, etc. Por isso não é só um papel, roupa, sapato, garrafa, etc! São recordações, pedaços de vida. Da sua vida! Apegou-se a coisas e separar-se delas, causa-lhe grande ansiedade e angústia. É quase como se lhe arrancassem um braço! Mas serão essas "coisas" mais importantes que a relação que tem com a filha? Ela não sabe quantificar, mas se tiver de optar, provavelmente ficará com as suas coisas que a definem enquanto pessoa, já que a sua filha já não vive mais com ela...

Fernanda lembra-se que a sua mãe também tinha uma casa "cheia", desde artigos de decoração a revistas velhas de há anos. Contou (com vergonha) que uma das suas avós também costumava "vasculhar no lixo" dos vizinhos e família, à procura de "tesouros" que outras pessoas deitavam fora (sem ter necessidade de o fazer). E a outra avó, tinha o hábito de guardar sacos, seja de plástico ou de papel, na despensa, até esta não se poder mais abrir...

Será que é um problema de família (genético)?! ou é uma questão cultural?! A meu ver, poderá haver uma predisposição genética para uma perturbação mental na linhagem desta família, mas também poderá ter sido uma aprendizagem social. Mas não me parece que seja apenas e só uma questão social, porque qual a razão para acumular de forma compulsiva, sem limites? Porquê ficar quase subterrada de "lixo"? Parece-me um grave problema de Limites, Auto-Controlo, de Auto-Estima e de amor... De amor, porque à medida que me conta a sua história de vida, apercebo-me que começou a descorar da arrumação e asseio a partir do momento em que se separou, e tornou-se completamente caótica, a partir do momento em que a filha foi estudar para fora. Sendo assim, o factor predisponente (o que despoletou o acontecimento) foi a perda, a perda do afecto do seu companheiro e a "perda" (simbólica) da sua filha. A incapacidade de lidar com as perdas, deu origem a comportamentos consumistas e de acumulação, numa tentativa frustrada de se auto-compensar.

Após compreensão da situação da Fernada e da sua filha, começamos a construir uma relação terapêutica, que se quer saudável, cheia de aceitação e amor, para pôr fim à origem do Consumo e da Acumulação; porque antes mesmo de organizar a casa, há muito "lixo" interno e relacional, que temos de limpar primeiro. NOTA: História baseada em factos reais.

domingo, 15 de abril de 2012

Ciúmes... quem os não tem?

Todos num determinado momento sentimos ciúmes. Mas o que é isto de ter Ciúmes? Os ciúmes são o medo incontrolado de perder algo que lhe é valioso. Sentir ciúmes, está relacionado com a falta de confiança no outro e em si próprio. Está também, intimamente ligado à Inveja (mas esta não envolve o sentimento de perda), é algo que causa grande desconforto e raiva. E sempre que se sente raiva, aumenta-se os níveis de stress e de uma hormona chamada cortisol. O corpo quando tem essa hormona, reage como se tivesse que fugir. Essa hormona foi o que nos garantiu a sobrevivência por nos ter salvo dos animais pré-históricos que nos queriam comer. Sempre que estamos perante um acontecimento perigoso/ stressante é libertada essa hormona. Por exemplo quando enfrentamos muito trânsito, ou temos de fazer um trabalho importante para entregar num curto espaço de tempo. Contudo não faz sentido ter stress quando se está apaixonado! Esse estado só deveria trazer sentimentos e emoções positivas, mas por vezes há pessoas que sentem que estão constantemente em risco de perder a pessoa amada, por isso, sentem-se como que prontas para um ataque à sua própria sobrevivência. O ciúme pode ser saudável ou tornar-se patológico. É patológico sempre que o(a) ciumento(a) começa tem a necessidade de invadir a liberdade do(a) outro(a), começando a abrir a corresponência, a bisbilhotar no computador ou no telemóvel dele(a), a examinar-lhe os bolsos, etc. E pode chegar mesmo a causar a morte! Há casos de pessoas que por não se conformarem com o fim de uma relação amorosa, acabam por matar-se e/ou matar os filhos. O(a) ciumento(a) não mata a pessoa que ama, não fisicamente, mas sim uma afectivamente, emocionalmente e estruturalmente, de forma a infligir a culpa no(a) outro(a). O objectivo é infligir culpa na pessoa amada, acabando com a sua própria vida e a dos filhos (quando os há).
Quando se tem 16/ 17 anos (início dos relacionamentos amorosos significantes), também podem surgir grandes estados de ciúme, mas a origem desses ciúmes está na Infância, ou melhor, na educação que os pais deram às crianças e que não foi focada no seu auto-conhecimento. Atualmente vê-se muitas crianças que não estão preparadas para perder nada, nem para sentir a dor ou a frustração que advém da perda. Os pais tornaram-se muito protectores, protegem-nos contra as gripes, sarampo, papeira, através da medicação. Mas não existe medicação para a dor afectiva. Quando uma criança parte um brinquedo, e a mãe ou o pai vai a correr comprar-lhe outro, ou quando há um menino na escola que não quer brincar com o(a) seu/sua filho(a) e a mãe vai falar com a Professora e exige que as crianças brinquem juntas, não estão a educar as crianças para lidar com a perda/ frustração e quando chegarem à adolescência, por volta dos 12/ 13 anos, estas vão sentir muita dor quando sofrerem o seu primeiro desgosto de amor. Imaginemos o Nuno, que está apaixonado pela Maria, mas a Maria namora o João. Pela primeira vez o Nuno sente dor quando os vê juntos, uma dor enorme que não tem como controlar, por isso refugira-se na bebida. Substituiu o amor por um comportamento auto-destrutivo. Foi isso que aprendeu, substituir coisas por outras coisas... Mas também podem atentar contra a sua própria vida, porque não conseguem aceitar o facto de não poder mandar no desejo do outro. Há uma grande necessidade de controlar o outro, e por não o conseguirem fazer, nem se conseguirem controlar, matam-se. Mas o que podem fazer os pais em termos educativos, para que a criança sofra menos diante das perdas por ciúme?
Na vida há momentos diários onde as pessoas sofrem pequenas perdas, e o papel dos pais é amparar as crianças nesse luto (um luto é saudável quando após a perda, há conformismo com a perda), sem trocar ou substituir por outra coisa. Se o(a) filho(a) perder ou partir um brinquedo, é importante que os pais deixem a criança perceber que ela consegue sobreviver sem aquele brinquedo. Não devem ir comprar logo outro! E caso se trate de um adolescente, se ele(a) disser aos pais que "todos os seus amigos têm" por exemplo um telemóvel 4G, ou uma moto, e "eu também quero!", os pais devem esperar para deixar o adolescente perceber que aquilo é um querer momentâneo e não ir a correr comprá-lo(a). Isto porque se a criança, ou adolescente, crescer a saber que não pode ter tudo e que algumas coisas que se tem, eventualmente acaba por se perder, mas que ele(a) sobrevive, quando atingir a fase do final da adolescência ou o início da fase adulta (altura dos relacionamentos amorosos mais significativos), já vai com uma "bagagem" emocional maior comparativamente com aqueles jovens que sempre tiveram tudo e que nunca perderam nada. Por essa razão, pais deixem os seus filhos chorar por algo e evitem dar coisas, para substituir outras que perderam.
Para as pessoas que já chegaram à fase adulta e que não lidam bem com os ciúmes e com as perdas, é importante buscar o seu auto-conhecimento. Para tal, pode-se recorrer a terapias (há várias aborgagens) e a leituras de auto-ajuda. É importante perceber que tudo o que nos acontece não é por culpa de terceiros, que temos a nossa cota de responsabilidade. Se volta e meia está em situações semelhantes, repetindo padrões, comportamentos, então é importante saber o quê e como pode modificá-los. Só se muda aquilo que se conhece, logo é muito importante conhecer-se, reforçar a auto-estima, fazer bem os lutos de infância (ou outros). Todos os problemas têm solução, basta querer solucioná-los!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Hoje sonhaste?!

Já dizia António Gedeão em "Pedra Filosofal" que "o sonho comanda a vida". Sim, precisamos de (um) sonho(s) para que nos levantarmos todos os dias da cama e enfrentarmos a vida com alegria. Mas há outros sonhos igualmente importantes, que por vezes não damos grande valor, mas que são essenciais para o nosso bem estar psíquico, refiro-me aos sonhos durante o sono.

Durante séculos que os sonhos foram alvo de interesse. Houve tribos, hoje já extintas, que acreditavam que os sonhos continham mensagens divinas. Freud, o Pai da Psicanálise, também se dedicou a decifrar sonhos, tentando dar-lhes uma interpretação. Na verdade não é fácil interpretar os sonhos, porque as mensagens aparecem como que encriptadas, mas pode ser um trabalho fascinante e algo enriquecedor!

Hoje em dia, há pessoas que ainda se dedicam ao estudo dos sonhos. Uma dessas pessoas é o Dr. Mário Simões. Segundo esse Investigador e Professor da Faculdade de Medicina da Lisboa, a maioria dos sonhos são apenas o "lixo" do dia-a-dia, que temos de reciclar para que no dia seguinte possamos ter novas ideias. Mas há outros sonhos que são importantes, os sonhos recorrentes. Os sonhos que se repetem noite após noite, podem ser um aviso e devem ser interpretados em conjunto com um Psicólogo Clínico (com abordagem Psicanalítica), pois só assim a pessoa pode compreender-los ao decifrar o conteúdo latente (os mecanismos inconscientes do sonho) que está por detrás do conteúdo manifesto (do relato do sonho).

Outros aspectos importantes sobre o sono e o sonho é o facto de que é essencial para fortalecer a memória. As memórias, são integradas e fortalecidas durante o sono e o sonho. Pessoas que ficam privadas de sonhar à noite, têm problemas de saúde. Segundo este investigador, um dos problemas de sono, para além das insónias, é a pouca qualidade do sono ou dos sonhos. Pouca qualidade ou a não existência de sonhos, leva as pessoas a sentirem-se no dia seguinte mais irritáveis, com dificuldades de atenção/ concentração e até a sofrer de alterações imuno-neurológicas!

Salientou ainda que os animais que ficam impossibilitados de sonhar, morrem num curto espaço de tempo com infecções graves!

Bom, acho que a mensagem sobre a importância de dormir e sonhar foi passada. Despeço-me desejando bons sonhos a todos(as). ;)

domingo, 1 de abril de 2012

Como desmascarar um(a) mentiroso(a)


Hoje é o dia das Mentiras. Mas será que não são todos os dias?! Para algumas pessoas, é quase impossível não dizê-las. 
Segundo Robert Feldman, Professor de psicologia da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, e autor do livro "Quem é o mentiroso da sua vida?", uma pessoa conta, em média, três mentiras a cada dez minutos. Penso que ele deve conhecer muitos mentirosos!... Mas não é único que o afirma. Também o Professor Robert Feldman, autor de um estudo sobre mentiras, diz que recorrer a inverdades é uma questão de hábito e uma forma deviver bem em sociedade... Mas para viver bem em sociedade temos mesmo que mentir?! Por muito difícil que me custe admitir, parece que sim, até porque quem diz que nunca mente, está a mentir! 
Wanderson Castilho,  especialista em segurança eletrónica e autor do livro "Mentira - um rosto de muitas faces",  refere que "é praticamente impossível um ser humano viver em sociedade sem usar a ferramenta da mentira" em determinados momentos da vida. Quem nunca mentiu por amor? Por exemplo quando alguém nos oferece um presente que não gostamos, será que o dizemos abertamente que não gostamos, ou mentimos dizendo que é bonito, só para agradar a pessoa? São as chamadas mentirinhas piedosas. Penso que a maioria das pessoas já o fez. Mas há outros motivos que levam uma pessoa a mentir. Entre eles a vergonha ou o orgulho. 

TIPOS DE MENTIRA

No seu livro, Wanderson Castilho afirma que nos relacionamentos amorosos as pessoas mentem mais quando há preocupação e desconfiança em excesso por parte do outro. Para ele, a insegurança gera desconforto e dificuldade em revelar a verdade. A obra ainda aponta que os flirts e a atração por outras pessoas, amizades, nível de comprometimento, fantasias sexuais, traição, satisfação sexual e aparência, também são assuntos que o casal costuma esconder do parceiro. Por isso a ocultação, também é uma forma de mentir!
Já no ambiente de trabalho, o especialista aponta que as mentiras mais comuns estão relacionadas com os atrasos, trabalhos não realizados ou aptidões exageradas (ex.: nos Curriculos Vitae).

A MENTIRA É APRENDIDA NA INFÂNCIA

As técnicas de dissimulação geralmente são aprendidas pelas crianças desde cedo. Embora os pais normalmente digam às suas crianças que mentir "é feio", e que nada justifica uma mentira, a verdade é que os pais são  os mestres dos filhos e estes espelham muito mais as suas atitudes do que as suas palavras. Só os pais que usam sempre a verdade, que assumem a responsabilidade das suas palavras e actos, é que criam filhos responsáveis e éticos. Só se ensina aquilo que se é! 

Como rECONHEcer UMA MENTIRA

Primeiro, é preciso treino e prática para melhorar a capacidade de "ler" os sinais da mentira. Depois, é preciso entender o comportamento padrão da pessoa em questão, prestar atenção ao que ela diz, nos pequenos movimentos do rosto (micro expressões faciais), no corpo e nas variações do tom da voz. Curiosamente, o nosso cérebro não aceita a negação, por isso quando a pessoa mente, alguma parte da sua expressão facial ou do corpo vai denunciá-la. 
Para identificar um(a) mentiroso(a), Wanderson Castilho anotou 8 dicas simples de observação:
  • 1Lábios: morder ou lamber os lábios pode ser um forte indício de ter pregado uma mentira.
  • 2Voz: quem mente fica com as cordas vocais mais esticadas que o normal, deixando a voz mais fina e fraca. Para compensar esse facto, a pessoa tenta falar mais alto.
  • 3Olhar: o mentiroso desvia o olhar enquanto conta a sua mentira e depois olha atentamente, para observar a outra pessoa e ver se a conseguiu enganar.
  • 4Boca Seca: em função de uma reação da adrenalina, o mentiroso fica com a garganta e boca secas, sendo comum se engasgar ou engolir em seco.
  • 5Encobrir parcialmente a boca: traduz uma vontade de amordaçar-se. Tende a ser um gesto rápido, porque exprime um conflito: uma parte do mentiroso não quer calar-se - e sim continuar com a sua mentira.
  • 6Tocar o nariz: em momentos de tensão a sensibilidade da mucosa nasal aumenta. Assim, ao mentir, coça o nariz , embora possa ser uma sensação tão suave que mal se percebe disso mesmo.
  • 7Ombro: erguer levemente um dos ombros.
  • 8Expressão facial falsa: quando somos genuínos, usamos os músculos faciais certos para expressar uma emoção. Num sorriso moderado e falso, não aparecem os pés de galinha, as bochechas não são levantadas e os olhos ficam menos apertados. Num sorriso real, há mais músculos utilizados e a pálpebra superior dobra-se um pouco sobre os olhos, tornando-os mais pequenos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Era uma vez um Amor muito pequenino...


Era uma vez um Amor muito pequenino que foi oferecido de presente a um menino. Por ser tão pequenino, tinha de ser manuseado com muito cuidado, é que era muito frágil. Mas como o menino era descuidado, ao brincar, tropeçou e deixou-o cair, partindo-se em mil pedacinhos. Assustado e aflito, tentou remediar o seu erro e apressou-se a apanhá-los para os colar.

A ideia era pô-lo exatamente igual ao que era antes de o ter deixado cair e de se partir, para que pudesse ve-lo crescer e tornar-se forte. Mas infelizmente ele não conseguiu essa proeza. O pequeno Amor acabou por definhar, e morrer. Na tentativa de reparar o seu erro, o menino foi ter com a menina. Envergonhado, contou-lhe o que se passou, que foi sem intenção que o partiu. Tinha esperança de que ela tivesse um outro Amor igual para lhe dar... mas a menina já não lhe podia oferecer o mesmo! São exclusivos! Por isso são tão preciosos. O menino não sabia... ficou muito triste, e a menina também.

Mas nesse dia, o menino aprendeu uma grande lição: "Quando alguém nos oferece um Amor, ele é único, se brincares com ele e o partires, nunca mais o recuperas, nem o vês crescer." 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Mas eu sou uma mulher casada!!!


No outro dia passava na rua, e reparei num homem (na casa dos trintas) com um grande cão pela trela, e numa mulher (também na casa dos trintas). Estavam a conversar na rua, junto a um prédio. Reparei neles primeiro pelo tamanho do cão, depois, por o que a mulher respondeu ao homem (bem como o tom de voz empregue): "Mas eu sou uma mulher casada!!!". Via-se que tinha ficado muito surpreendida com algo que ele lhe disse e pela sua expressão, diria que tinha ficado algo vaidosa também. Embora eu não tenha ouvido o que ele lhe disse, deduzo que a seduziu. E vamos lá ser sinceros, é bom sermos apreciados! Depois ouço o homem a responder-lhe baixinho: " Mas eu também sou casado!". Ela riu-se, incrédula, e foi-se embora, mas ainda olhou uma vez para trás.

Isto fez-me pensar no amor, nos compromissos e claro, nas traições.
Não sei o desfecho da história destes dois  personagens, mas já vi muitas traições começarem assim. Quando um homem está casado (ou junto) com uma mulher, está implícito que celebra com ela um compromisso: "É só contigo que quero estar e amar", ou pelo menos é assim que a mulher o percebe. Mas será assim para sempre?! Teoricamente é assim, na prática, nem sempre o é... Mas antes de mais há que fazer uma ressalva: "Nem todos os homens são uns animais, e nem todas as mulheres são umas santas!". Quando a oportunidade existe e a vontade fala mais alto, seja homem ou mulher, a traição paira no ar. Pode-se ficar só pela sedução e pela fantasia, mas pode também chegar às vias de facto, tudo dependerá da moral de cada um (ou da falta dela!). Mas não estou aqui para tecer o que é moral ou deixa de ser. E todos sabem que em qualquer sociedade há uma moral social vigente, concordem ou não com ela... Mas deixo-vos aqui um caso clínico com factos reais e outros inventados (alterados) para que ilustre melhor o quero dizer.

Ana e Miguel estão casados há 10 anos e têm um filho de 8 anos. A Ana tem 35 anos, e o Miguel tem 38 anos. Conheceram-se há uns 12 anos, quando eram colegas de trabalho. Depois de olhares cúmplices e sorrisinhos, a Ana ganhou coragem e convidou-o para ir tomar um café, desde então estão juntos... Bem, nem sempre...  Há 5 anos atrás separaram-se, mas 2 meses depois reataram. Presentemente, estão novamente a passar por uma crise matrimonial. O Miguel descobriu que a Ana teve um caso com o André (um amigo comum). Ana desmente, diz que não houve nada de físico, que apenas conversavam. Mas Miguel revela-lhe que leu as mensagens românticas que trocavam via e-mail, e viu no relatório das chamadas telefónicas o número do André algumas vezes. Ana chora arrependida e diz que o que a fez "ligar-se" a André foi o jogo de sedução, que Miguel é o homem da sua vida, é ele que ama. Diz que não se quer divorciar dele, até porque ele é o pai do seu filho. Miguel não encara esse facto como sendo o mais relevante para ficar casado com Ana. Quere-a, apenas se Ana ainda o deseje enquanto homem. Mas a Ana há 2 meses que não o procura sexualmente e ele está cansado de a procurar e ser rejeitado. Ana por sua vez, também quer ser desejada enquanto mulher, mas falta-lhe a sedução e o carinho, para se entregar sexualmente. Ambos sofrem porque  precisam de se sentir desejados... Mas como chegar ao outro? Como reatar a chama da paixão?
Cada caso é um caso, mas após 7 sessões em Terapia de Casal, Ana e Miguel encontraram a solução para o seu problema. Já comunicam, já se olham e tocam, e têm aquele sorrisinho cúmplice que os apaixonados tão bem conhecem.

Esta foi uma história com um final feliz. Há outras que infelizmente não têm um desfecho tão harmonioso. Mas se uma relação está estagnada, nada como fazer uma Terapia de Casal. Por vezes levar "um abanão", é o suficiente para saber se a relação tem pernas para andar. E se não as tiver, segue-se em frente. Ficar em modo "paz podre", não é bom para ninguém. E também não é bom curar as feridas de uma relação com uma pessoa fora da relação. Por mais excitante que sejam os primeiros tempos, vai sofrer e fazer sofrer. Aprenda a resolver os problemas na sua origem. Tenha coragem e invista em si e na sua relação.

Meu Pequeno Rei Tirano

Bernardo tem 7 anos e é filho único. Embora seja muito meigo comigo, presenteando-me sempre com um grande abraço mal me vê, tem brincadeiras agressivas, pondo em risco a sua integridade física e a dos outros. Na sala de aula é muito distraído, prefere brincar sozinho ou fazer "palhaçadas" para chamar a atenção dos colegas em vez de aprender. Não gosta de ser contrariado, nem de responder a perguntas "difíceis". Por vezes até se recusa a falar, emitindo gestos ou ruídos à espera que os adultos os decifrem. Sempre dormiu acompanhado desde que nasceu. Primeiro dormia no berço, junto à cama dos pais, de mão dada com a mãe. Depois, já no seu quarto e na sua cama, chorava enquanto um dos pais não ia dormir com ele. Por vezes ia a mãe, outras vezes o pai, mas ele nunca dormia sozinho. Após umas sessões com ele, e umas quantas com os pais, as regras e os limites foram implementadas e hoje o Bernardo já dorme na sua cama, acompanhado com o seu peluche favorito. Esta grande mudança não foi fácil! Por vezes os pais não foram firmes o suficiente para pôr fim à manipulação do filho, mas quando ambos entenderam que tal permissividade da sua parte estava a pôr em risco a relação de casal, a segurança interna do menino bem como o seu pouco investimento escolar, as medidas foram aplicadas de forma mais firme e consistente. Hoje o Bernardo já tem mais regras, tanto em casa como na escola, é mais tolerante à frustração, mede os seu actos e tem mais auto-confiança.

NOTA: O nome é fictício para proteger a sua identidade.